segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A escola para o trabalho


 


A palavra escola (Scholé, da palavra grega) no sentido estrito é o “lugar do ócio”, sendo a assim, foi inicialmente pensada para os sujeitos que não participavam do processo produtivo. Fazer a relação de mundo e escola faz-se necessária uma vez que ambas estão interligadas, pois a escola surge desta relação. A escola que conhecemos atualmente institucionalizou-se mediante as relações de trabalho. A divisão de trabalho na sociedade pré-capitalista foi marco preponderante da escola, quando o artesão inicia o processo de ensino aprendizagem através de seu aprendiz, o camponês.

O trabalho como produto humano promoveu ao longo da história relações sociais ora harmônicas, ora conturbadas. O capitalismo foi fato determinante para que tais envolvimentos sociais gerassem muitos conflitos.

Pensar o meio escolar nesse momento é relacioná-lo a trabalho sendo, portanto ambos inseparáveis. Torna-se interessante frisar que esta foi e é pensada para privilegiar minorias elitistas.

O mercado de trabalho do século XXI é resultado das relações capitalistas do passado. O advento da globalização a partir do mercantilismo europeu acentuou de forma massiva as diferenças sociais que já eram enormes.

A escola teve então adequar-se às transformações do mercado de trabalho, ou seja, ele dita as regras e a sociedade acompanha com suas limitações. O homem deve ser capacitado sempre para a lógica do mercado imperialista e detentor dos meios de produção.

Assim, a educação escolar teria a função de auxiliar a construção e consolidação de uma sociedade democrática:

 

O direito de todos à educação decorria do tipo de sociedade correspondente aos interesses da nova classe que se consolidara no poder: a burguesia. Para superar a situação de opressão, própria do Antigo Regime e ascender a um tipo de sociedade fundada no contrato social celebrado livremente entre os indivíduos eram necessário vencer a barreira da ignorância... A escola é erigida, pois no grande instrumento para converter súditos em cidadãos. (SAVIANI, 1991).

 

Como educar na medida em que a família, a escola, as relações de trabalho mudaram? Os professores precisam ser preparados para confrontar o grande desafio que é educar frente a tantas transformações estando assim comprometido em produzir educação de qualidade.

Contudo evidencia-se  uma crescente busca por avanços educacionais na medida em que o Estado tem buscado progressos na qualificação profissional e na aplicação de macro  projetos e programas educacionais.

Para Gadotti (2007) a educação não pode nortear–se pelo padrão da empresa capitalista que enfatiza somente a eficiência. Este modelo ignora o ser humano. Para este paradigma, o ser humano funciona apenas como puro agente econômico, um “fator humano”. O ato pedagógico é democrático por natureza, o ato empresarial orienta-se pela “lógica do controle”. O neoliberalismo consegue naturalizar a desigualdade.

A expansão da educação aconteceu no ambito quantitativo, ou seja, aumentaram o número de salas de aula e de professsores, ao passo que o nível qualitativo não foi considerado, muito embora, verifica-se que atualmente há uma preocupação crescente com o avanço na qualidade da educação.

Pensar a escola no contexto atual é pensar no  local onde se promova a justiça,a ciadadania e a igualdade e esse é o seu maior desafio.

 

 

 

Referências:

GADOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo Freire e a paixão de .1. ed. – São Paulo : Publisher Brasil, 2007.

                                                                                                                      

SAVIANI, D. Escola e democracia. 24. ed. São Paulo: Cortez, 1991.

 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ALFABETIZAÇÂO E O USO DE FERRMENTAS PEDAGÓGICAS.


                                                                    Ana Valéria Lucena Lima Assunção

 

Entende-se que na atual conjuntura educacional, utilizam-se cada vez mais metodologias diversas como acessório no trabalho pedagógico do professor, são estas preocupações que propiciarão de fato o alcance do conhecimento. Entretanto, esta é uma prática relativamente nova, que fora se desenvolvendo à medida que as necessidades foram surgindo.

Segundo Penha (2007) no Brasil, até o século XIX as crianças eram atendidas no seio da família aos cuidados da sua mãe. Somente com o Movimento da Escola Nova, surgiu o jardim de infância, que para muitos seriam asilos franceses, que apenas guardariam as crianças enquanto para outros, seriam jardins de infância  que contribuiria  para o desenvolvimento infantil. Na metade do século XX o Brasil com o desenvolvimento urbano e industrial, a mulher passa a ocupar um lugar de destaque no mercado de trabalho, o que possibilitou a procura por creches e parques infantis que atendiam as crianças em período integral.

Tendo em vista algumas modificações culturais, econômicas e sociais que se processaram nas sociedades contemporâneas, observamos, sobretudo a partir de meados do século XX, uma mudança no que, durante um bom tempo, consideramos como sendo uma pessoa alfabetizada[1]. Se até o início do século XX bastava que o sujeito assinasse o próprio nome para ser considerada alfabetizado, com o passar do tempo, esta denominação careceu de maiores especificações. (MONTEIRO e BAPTISTA,2009).

O poder do conhecimento ganha maior conotação e a sociedade diante da evolução das técnicas de produção e industrialização requer muito mais conhecimento dos indivíduos.

No Brasil saber ler e escrever tornou instrumento privilegiado de aquisição de esclarecimento e imperativo da modernização e desenvolvimento social. Portanto, a leitura e a escrita que se encontravam para poucas pessoas, tornaram-se fundamentos da escola obrigatória, leiga, gratuita e objeto de ensino e aprendizado escolarizados. Caracterizando-se como tecnicamente ensináveis, as práticas de leitura e escrita passaram, assim, a ser submetidas a ensino organizado, sistemático e intencional, demandando, para isso, a preparação de profissionais especializados (DEMENECH; PAULA, 2012).

Algumas metodologias são criticadas, outras exaltadas, dessa forma a escola vão mudando de forma paulatina.   Dentre as ferramentas utilizadas para alfabetizar, uma das mais aceitas e utilizadas por muito tempo foi a cartilha[2]:

 

No Brasil, a partir da última década do século XIX, com a organização republicana da instrução pública, observa-se o início de um movimento de escolarização das práticas de leitura e escrita e de identificação entre o processo de ensino inicial dessas práticas e a questão dos métodos. A partir de então, a cartilha vai-se consolidando como um imprescindível instrumento de concretização dos métodos propostos e, em decorrência, de configuração de determinado conteúdo de ensino, assim como de certas silenciosas, mas operantes,concepções de alfabetização, leitura, escrita e texto, cuja finalidade e utilidade se encerram nos limites da própria escola e cuja permanência se pode observar até os dias atuais.( MORTATTI, 2000).

 

Nos anos 70 e 80 surgiram movimentos operários e feministas que lutaram por uma educação que favoreceu a todos combatendo a desigualdade social o que abriu caminhos para que em 1988 com a Constituição Federal, a educação pré-escolar fosse reconhecida como um direito da criança e dever do estado. Porém somente com a LDB, 9394/96 veio estabelecer a Educação Infantil como etapa inicial da educação .(OLIVEIRA, 2005, p.117).

Foi na década de oitenta que muitas escolas começaram a abolir definitivamente a cartilha como prática corriqueira, momento em que a prática construtivista começa a ser aceita por vários especialistas educacionais.

Pois de acordo com Rocha (2007) a cartilha também roubava o espaço do aluno e da linguagem, pois com ela os alunos eram apenas espectadores, e eram obrigados a aprenderem coisas que muitas vezes não faziam sentido em relação à linguagem. Com a cartilha não existe mediação o professor finge que ensina e a criança finge que aprende. O professor e meramente transmissor de um conhecimento empobrecido e distante do mundo real.

Dessa maneira, ensinar através de metodologias construtivistas é notadamente muito mais fácil e divertido para a criança. A competição sadia possibilita que a criança também conceba conceitos relacionados à vida, ensinando-lhe que nem sempre na vida de adultos se ganha, permitindo-lhe conviver com as duas situações: ganhar e perder.

Jean Piaget (1978) afirma que o principal objetivo da educação é criar homens capazes de fazer coisas novas, não simplesmente de repetir o que muitas escolas fizeram “criaram” homens ao invés de cidadãos criativos, inventivos e descobridores, estimulando a afetividade, sentimento de ideologia, e reflexão.

 
REFERÊNCIAS
 

 
DEMENECH, Flaviana; PAULA, Flávia Anastácio de. História da alfabetização: uma resenha descritiva sobre as tematizações, normatizações e concretizações relacionadas com o ensino da leitura e escrita.disp em www.foz.unioeste.br/~eventos/viijep/.../trabalho3bd03b2aa5.doc.
MONTEIRO ,Sara Mourão; BAPTISTA,Mônica Correia .Dimensões da proposta pedagógicapara o ensino da Linguagem Escrita em classes de crianças de seis anos. In:BRASIL,Ministério da educação.Acriança de 6 anos, a linguagem escrita e o ensino fundamental de nove anos:orientações para o trabalho com a linguagem escrita em turmas de crianças de seisanos de idade / Francisca Izabel Pereira Maciel, Mônica Correia Baptista e Sara MourãoMonteiro (orgs.). – Belo Horizonte : UFMG/FaE/CEALE, 2009.

MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Cartilha de alfabetização e cultura escolar: Um pacto secular Cadernos Cedes, ano XX, no52, novembro/2000.

PENHA , Eliana Dutra Pereira. A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: um olhar a partir da realidade da sala do Infantil III Escola Sonho de Criança.
 


ROCHA,Elenice. As cartilhas no processo de alfabetização. Revista científica eletrônica de pedagogia.Ano V – Número 09 – Janeiro de 2007.



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Conforme o censo de 2000, alfabetizada é o indivíduo capaz de ler e escrever um bilhete simples no idioma que conhecia. Aquela  pessoa que aprendeu a ler e escrever, mas esqueceu e a que apenas assinava o próprio nome foi considerada analfabeta” (IBGE, 2001).
[2] Cartilha de alfabetização continha letras do alfabeto que eram decoradas em ordem alfabética e depois eram associadas uma as outras formando-se as sílabas e delas as palavras(ROCHAS,2007).

quinta-feira, 25 de outubro de 2012



Casas Familiares Rurais: uma alternativa de desenvolvimento para o campo



                                                                                                      Texto de Ricardo Palaro
                                                                                                                       Disponível em: http://www.redesrurais.org.br/sites/default/files/A%20proposta%20pedag%C3%B3gica%20das%20Casas%20Familiares%20Rurais%20para%20promover%20o%20desenvolvimento%20rural%20no%20Brasil.pdf

O Movimento das Casas Familiares Rurais nasceu em 1935, a partir da iniciativa de três agricultores e de um padre de um pequeno vilarejo da França que, de um lado, “prestaram atenção na provocação de um adolescente de quatorze anos que rejeitava a escola na qual tinha sido matriculado e, de outro, estavam atentos a seu meio, que queriam promover e desenvolver” (GIMONET, 1999, p. 40). Assim, a proposta de ensino e formação não estaria separada da realidade do momento, mas “estreitamente associada a ela e se inscreviam num movimento, numa dinâmica de conjunto” (GIMONET, 1999, p. 41). Desta forma, o ensino para os adolescentes “tinha um sentido e podia se transformar em aprendizagens” (GIMONET, 1999, p. 41).
Essa primeira experiência com a Pedagogia da Alternância que aconteceu na França em 1935 com a denominada Maison Familiale Rurale (MFR) surgiu em virtude de alguns fatores que vinham ocorrendo, “como o abandono dos camponeses no campo, o êxodo rural, a crescente urbanização e o profundo desenvolvimento do capitalismo” (NASCIMENTO, 2009, p. 160), assim, os filhos dos camponeses tinham apenas duas opções, “a primeira era abrir mão dos estudos e continuar trabalhando no campo e a segunda deixar o campo e ir estudar na escola pública da cidade” (NASCIMENTO, 2009, p.166). Os camponeses temiam que deixando seus filhos estudassem na cidade, estes renegariam suas raízes e abandonariam o campo. Deste modo, iniciaram então movimentos junto a “sindicatos e a igreja buscando uma alternativa viável para o problema que estavam enfrentando. Assim, aconteceu a primeira experiência onde os jovens ficavam reunidos uma semana em local apropriado (casa paroquial) e três semanas na propriedade familiar” (NASCIMENTO, 2009, p. 167).
No Brasil, a primeira experiência surgiu no estado do Espírito Santo, especificamente no município de Anchieta em 1969 mediado pelo padre Humberto Pietogrande através de um intercâmbio Brasil – Itália. Já em 1968 através da Fundação do Movimento Educacional e Promocional do Espírito Santo (MEPES) surgiu a primeira Escola Família Rural (NASCIMENTO, 2009, p. 167). Segundo Teixeira, Bernartt, & Trindade, no Brasil as experiências mais conhecidas da Pedagogia da Alternância são as desenvolvidas pelas EFAs (Escolas Família Agrícola) e CFR (Casa Familiar Rural). Os pesquisadores que estudam estas escolas utilizam a terminologia Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFA).
A pedagogia adotada pelos CEFFA é a Pedagogia da Alternância, que segundo Gimonet (2007, p.16) “a formação por alternância dos CEFFAs obedece a um processo que parte da experiência da vida quotidiana para ir em direção à teoria, aos saberes dos programas acadêmicos, para, em seguida, voltar à experiência, e assim sucessivamente”.
Na Pedagogia da Alternância todos colaboram para a elaboração das atividades, dos instrumentos, das organizações didáticas, dos princípios e métodos próprios das CFRs. Elabora-se então uma “pedagogia da partilha”. De acordo com Gimonet (2007), quatro são as finalidades da pedagogia da alternância: 1) orientação; 2) adaptação ao emprego (suprir a inadequação entre formação e emprego); 3) qualificação profissional (construir uma identidade profissional duradoura); 4) formação geral (permitir o mesmo acesso ao prosseguimento dos estudos através do ensino tradicional).
As principais características das CFR são: a responsabilidade das famílias na gestão de uma associação de pais e alunos; a alternância dos períodos entre o meio de vida socioprofissional e a Casa Familiar onde o educando exerce na prática uma concepção dialética de formação; a vida dos educandos em pequenos grupos e em internatos; uma equipe de formadores denominados monitores, e uma pedagogia adaptada que se chama Pedagogia da Alternância (NASCIMENTO, 2009, p. 168).
Na Pedagogia da Alternância “os pais são chamados a participar de toda vida da escola, desde o acompanhamento integral dos filhos quando estão junto à família até na administração, coordenação e manutenção da escola” (NASCIMENTO, 2009, p. 168).

REFERÊNCIAS

GIMONET, Jean-Claude. Nascimento e Desenvolvimento de um Movimento Educativo: As Casas Familiares Rurais de Educação e Orientação. In: Seminário Internacional Sobre Pedagogia da Alternância. Pedagogia da Alternância. Alternância e Desenvolvimento. Salvador, BA: SIMFR/VITAE/UNEFAB. 1999. p.39-48.
___. Praticar e compreender a pedagogia da alternância dos CEFFAs. Petópolis, RJ: Vozes, Paris: AIMFR – Associação Internacional dos Movimentos Familiares e de Formação Rural, 2007.
NASCIMENTO, C. G. Gestão democrática e participativa na pedagogia da alternância: a experiência da Escola Família Agrícola (EFA) de Goiás. Salvador, n.15, p. 163-178, jan./jul. 2009.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012



ANTECEDENTES HISTÓRICOS NA EDUCAÇÃO RURAL DO BRASIL
“A educação destinada aos trabalhadores rurais sempre foi motivo de muita discussão e controvérsia. As políticas educacionais criadas pelos governos colocavam a oferta de educação de uma forma geral. Desde o Brasil Colônia, a educação foi pensada e ofertada somente aos filhos da elite, que eram instruídos para dar continuidade ao projeto de perpetuação da desigualdade social entre ricos e pobres. Os pobres, em sua grande maioria indígena, escravos negros e camponeses, tinham a catequização dos jesuítas como consolo, já que precisavam ser instruídos na fé católica e na obediência à Coroa de Portugal.
A catequização não significava letramento, alfabetização, mas o aprendizado mínimo das regras de conduta da Igreja, que serviam de legitimação para as práticas de escravidão e exploração dos portugueses. Dessa forma, (...) as propostas dos jesuítas e dos portugueses se interligavam criando uma tríplice necessidade que não poderia dicotomizar-se, a saber: colonização, educação e catequese deveriam caminhar articuladas para um mesmo objetivo, que era levar a fé católica como salvação das almas e ampliar a exploração realizada pelos portugueses.
Portanto, aos trabalhadores do campo era destinada a enxada e a foice para que pudessem cumprir bem seu ofício, o que determinava a perpetuação do poder aos senhores de engenho e, posteriormente, aos coronéis das fazendas de café. De certa forma, desde 1550, quando realmente se iniciou o processo de catequização dos jesuítas, até os anos 70 e 80 do século XX, ou seja, durante mais de 400 anos de história, os camponeses foram relegados ao descaso. Enquanto na cidade os trabalhadores se organizavam na busca de seus direitos de cidadania, no campo os trabalhadores rurais continuavam sem organização e, em muitos lugares, eram expulsos de suas terras devido à ampliação do latifúndio, principalmente com o crescimento da pecuária.
Em algumas ocasiões na história do Brasil, os camponeses foram sinônimos de resistência ao modelo imposto. São considerados os primeiros movimentos sociais do campo devido às bandeiras de luta que estavam clamando. São eles: Contestado, no Paraná e Santa Catarina, Canudos, na Bahia, o Cangaço, no Nordeste Brasileiro e, por fim, as Ligas Camponesas, que deram origem à Revolta de Trombas e Formoso em Goiás”.
                                                                     Claudemiro Godoy do Nascimento*

* Licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Goiás (1999). Graduado em Teologia pelo Instituto de Teologia Santa Úrsula (2005). Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2005).
Doutorando em Educação pela Universidade de Brasília. Professor da Universidade Federal do Tocantins.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA
Um vídeo simples que explica maravilhosamente a história dessa modalidadehttp://youtu.be/WXdsI5fuCiE

quarta-feira, 19 de setembro de 2012




Lugar de mulher...

Segundo estudos sobre mulheres, um grande número delas confirma já  ter  sido vítima,  em  algum momento de  sua  vida, de alguma forma de violência física como exemplo,  ameaças com armas, agressões , violência psíquica,  assédio sexual, etc.
Esses dados assinalam a precisão em contestarmos de maneira mais arraigada, as discussões de gênero e sexualidade principalmente na escola. É na escola que estamos tentando formar cidadãos dignos, aptos a não apanhar e principalmente não bater. É na escola que estamos tentando formar pessoas que deverão ter respeito ao próximo independente de etnia, religião sexo... É na escola que devemos aprender que ser diferente deve ser normal. 
Vivemos em uma sociedade que exclui racialmente e mascara-se pela lenda do democratismo racial. Necessitamos da implementação de políticas sociais realmente inclusivas, uma vez que se verifica que hoje em dia, em diversos setores da sociedade, a mulher ainda é estereotipada de maneira negativa. Modelo disso são os múltiplos papéis determinados socialmente como o de que lugar da mulher é na cozinha, lugar de negra é na minha cozinha... A distinção de gênero e raça é edificada de acordo com diferentes padrões de hierarquização da mulher. A mulher sofre duas vezes a discriminação, principalmente por ser negra pobre e principalmente mulher.
Carecemos apreender porque razão algumas classes estão mais sujeitas ao trabalho pesado, recebendo salários menores com escolaridade baixa. Na maioria das vezes os chamados movimentos sociais são um meio mais eficaz de combate a esse tipo de abuso. Deve-se entender esses movimentos como um fenômeno de transformação da sociedade. Eles nascem como via de fortalecimento de certos grupos que se encontram à margem na sociedade. Ou seja, as mulheres continuam à margem do mercado e quando entram no mercado de trabalho, as mulheres o fazem em desvantagem em relação aos homens, por causa das considerações de gênero que condicionam a divisão sexual do trabalho.
Entendemos que a partir dos anos 80 os movimentos sociais lutaram pela conquista de direitos civis e políticos e atualmente é inegável a importância das ações afirmativas, recentemente propostas a fim de estimular a discussão sobre o preconceito, nunca francamente afrontado pela sociedade brasileira.